22 agosto, 2011

Ecumenismo pode ser beneficiado por decisões institucionais, mas não depende delas para acontecer (Pastor Ronan Boechat de Amorim)

Alguns delegados(as) ao último Concílio Geral da Igreja Metodita, reunido em Brasília dias 9 a 17 de julho de 2011, retiraram da agenda do Concílio as propostas para que fosse discutida a revisão da decisão do penúltimo Concílio Geral que determinou a saída da Igreja Metodista dos órgãos ecumênicos onde a Igreja Católica esteja representada.

A retirada da discussão da proposta não foi por medo, nem por impotência ou concordância com a decisão equivocada do penúltimo Concílio Geral, mas pelo clima missionário e de conciliação que tomou conta das 9 sessões desse 19º Concílio de Brasília.

Certamente a discussãodo retorno da Igreja Metodista aos órgãos ecumênicos onde a Igreja Católica também se faz representar seria acalorada e nada fácil.

A saída da Igreja desses organismos ecumênicos não impediu a Igreja e seus pastores(as) e líderes leigos(as) de serem ecumênicos, tanto quanto a presença da Igreja nesses fóruns ecumênicos não promoveu de fato o ecumenismo na base da igreja, nas igrejas locais. Assim, a tal decisão do 18º Concílio não obrigou ninguém a deixar de ser ecumênico e ter práticas ecumênicas, do mesmo modo que o retorno a esses fóruns ecumênicos não obrigaria ninguém a ser ecumênico.

Aqui na cidade do Rio tínhamos há poucos anos atrás reuniões regulares de padres e pastores de várias denominações evangélicas. As reuniões reunião 20 ou pouco mais pessoas para um café, conversas, momentos de oração e construção de amizade, respeito e diálogo. Alguns tiveram a idéia de isntitucionalizar o "movimento ecumênico" numa sub-seção do Conic Rio. E isso aconteceu.

Infelizmente o movimento foi institucionalizado e as reuniões de amigos(as) que aconteciam informalmente deixaram de acontecer.

Para ser da diretoria do movimento institucionalizado no Conic-Rio era, por exemplo, nomeado pelo Bispo da Região, o que é certo. A questão é que deixou de ser movimento, deixou de ser inclusivo, deixou de ser... pois acabou.

Pode parecer simplista e superficial essa análise, mas os metodistas ecumênicos, homens e mulheres, leigos e pastores, precisamos recriar o movimento ecumênico, a prática ecumênica, na vida, no cotidiano, como era na cidade de Duque de Caxias nos anos 80 com o movimento Baixada Livre, liderado pelo Rev. Melchias Silvas, e envolvendo os pastores e a liderança leiga do Distrito num movimento que saía dos gabinetes, dos fóruns, das conversas de uns poucos e virava festa, encontro,celebração, vida ecumênica quotidiana.

Nós ecumênicos precisamos ter práticas ecumênicas e não apenas valores, atitudes e discursos ecumênicos. Precisamos mostrar que o ecumenismo que constrói respeito, diálogo e anúncio, solidariedade e amizade, é algo benéfico para o nosso testemunho e nossa prática evangelizadora.

A divisão da Igreja cristã e a falta de respeito entre denominações, entre grupos de poder, entre segmentos teológicos, e essa prática de falar mal uns dos outros, desqualificando-os como cristãos, é uma vergonha que macula a fé cristã. Pois diante das outras práticas religiosas e dos que promovem o ateísmo, parecemos um "saco de gato" de grupos arrogantes, confusos e que querem ser uns maiores emais certos que os outros. Como se diz por aí, "casa onde todo mundo briga e grita, ninguém tem razão".

Como disse Jesus em João 17, e que foi ampla e explicitamente apontado pelo Bispo Metodista da Igreja do México, a falta de unidade é segundo João 17:21 uma forte razão para que o mundo não creia no Evangelho. A unidade (respeito, camaradagem)é fundamental para que o mundo creia qiue Jesus, o Salvador dos diferentes grupos cristãos, é o Deus Vivo que quer salvar este mundo e a cada pessoa de nosso mundo.

Quero que a Igreja Metodista volte a fazer parte de todos os órgãos e fóruns ecumênicos. Mas desejo, oro e trabalho muito mais para que nossa prática ecumênica não dependa disso.

Teu irmão e tua irmã, estão aí... estenda a mão em amizade e respeito. Há questões doutrinárias e teológicas que não teremos como resolver e superar nesse mundo, ou seja, vamls continuar sendo diferentes, mas podemos nos relacionar respeitosamente, generosamente, benignamente, cristãmente. Vamos continuar com as nossas convicções e certamente em nossas denominações e instituições denominacionais, mas podemos experimentar uma unidade de amor e respeito. É a tal unidade nadiversidade.

"Se o teu coração é igual ao meu, dá-me a mão e meu irmão serás", dito por João Wesley, o fundador do metodismo, continua sendo um desafio para nós, metoditas brasileiros do século XXI.