03 fevereiro, 2007

Verso e Voz — 03 de fevereiro

A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que, como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. — 2 Coríntios 1.7-8

“Não fui à religião para me fazer feliz. Sempre soube que uma garrafa de porto faria isso; se quiser uma religião que lhe faz sentir confortável, certamente não recomendo o cristianismo”. — C. S. Lewis

02 fevereiro, 2007

Verso e Voz — 02 de fevereiro

Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. — João 13.13-15

“O que chamamos de igreja freqüentemente é uma conspiração de cordialidade. Nós pastores e pastoras aprendemos a pacificar em vez de pregar a nossos Ananias e Safiras. Dizemos que fazemos isso por causa do 'amor.' Mas, geralmente, o fazemos como meio de manter todos tão distantes uns dos outros como possível. Você não mexe na minha vida e eu não mexo na sua”. — Stanley Hauerwas, em Resident Aliens

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01 fevereiro, 2007

Renascer - TV Gospel ganha mais um canal

BRASÍLIA, 1. de fevereiro (ALC) – Alheio ao escândalo envolvendo o casal apóstolo Estevam Hernandes Filho e a bispa Sônia Haddad Moraes, fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, o Ministério das Comunicações concedeu à instituição canal de TV, que retransmitirá em Vila Velha, Espírito Santo, o sinal gerado pela Fundação Evangélica Trindade.

Esse será o quinto canal da Rede Gospel, que pertence à igreja. A portaria autorizando a Ivanov Comunicação e Participações Ltda., empresa que, segundo noticiou o jornal Folha de São Paulo, funciona no mesmo endereço da sede administrativa da igreja, foi publicada na edição de segunda-feira do Diário Oficial da União.

O apóstolo Estevam e a bispa Sônia estão em liberdade condicional, na Flórida, onde aguardam julgamento do processo instaurado contra eles nos Estados Unidos. No dia 9 de janeiro, o casal foi preso ao desembarcar no aeroporto de Miami por deixar de declarar à alfândega que carregava consigo 56 mil dólares em espécie, escondidos, parte do montante, numa Bíblia.

O casal foi preso, libertado dias depois, mas tem seus passos monitorados 24 horas por dia pela polícia de Miami através de uma tornozeleira eletrônica, enquanto aguarda o julgamento do caso. A sede da Renascer nos Estados Unidos, igreja lá denominada de “Reborn in Christ”, fica em Deerfield Beach, próxima a Miami.

Matéria no sítio web do jornal Cruzeiro do Sul, de São Paulo, informa que pastores de diferentes denominações fazem um balanço do estrago que a prisão do casal Hernandes traz à imagem dos evangélicos no Brasil. “Para quem não conhece a imensa diversidade do meio evangélico, um escândalo desses acaba respingando em todo mundo”, disse à reportagem o presidente da Assembléia de Deus Betesda, pastor Ricardo Gondim.

A Renascer, lembrou Gondim, tem mídia, “você vê a TV Gospel funcionando como se nada tivesse acontecido, numa atitude cínica, quase de desdém”, lamentou. O caso coloca em xeque a Teologia da Prosperidade e mostra que só se mantém o discurso com artifícios ilegais, assinalou.

Gondim entende que escândalos podem ser profiláticos no meio evangélico. Quando Jesus disse que é mister que venham os escândalos, é bom que eles venham, “para que, no refluxo, a gente ponha o pé no chão e veja que esses grandes shows de milhares de convertidos são muita casca e pouco conteúdo”. A Renascer organiza, a cada ano, a Marcha para Jesus, evento que chega a reunir 1,5 milhão de pessoas nas avenidas de São Paulo.

Os dois líderes da Renascer também têm pendências com a Justiça brasileira. Eles são acusados de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas e estelionato. A bispa e o apóstolo só conseguiram embarcar para os Estados Unidos porque obtiveram, no final de dezembro, liminar no Superior Tribunal de Justiça revogando o pedido de prisão preventiva que existia contra eles.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

31 janeiro, 2007

Verso e Voz — 1º de fevereiro

Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo. — 1 Samuel 2.8

“Dê a sua tristeza todo o espaço e abrigo em si mesmo que é seu direito, porque se todos carregam [sua] aflição honesta e corajosamente, a tristeza que enche o mundo agora diminuirá. Mas se você não prepara um abrigo decente para sua aflição, e, em vez disso, reserva a maior parte do espaço dentro de você para o ódio e os pensamentos da vingança – do qual aflições novas nascerão para outros e outras - então a tristeza nunca cessará neste mundo e multiplicará”. — Etty Hillesum, citado em Marc Ellis, Toward a Jewish Theology of Liberation

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Kairós publica livro sobre Emilio Castro

ARGENTINA

BUENOS AIRES, 31 de janeiro (ALC) - Com prólogo do teólogo José Míguez Bonino, a Edições Kairós, de Buenos Aires, publicou "Paixão e compromisso com o Reino de Deus", livro que resenha os pensamentos, as experiências e a história do pastor metodista uruguaio Emilio Castro. O livro traz uma série de entrevistas que Carlos Sintado e Manuel Quintero fizeram com Castro, um dos líderes mais importantes do movimento ecumênico latino-americano e mundial.

Depois de uma significativa carreira ecumênica no continente, onde foi secretário executivo da Comissão Provisória Pró Unidade Evangélica Latino-Americana, mais conhecida como UNELAM — o movimento que abonou o caminho para o surgimento do Conselho Latino-Americano de Igreja —, Castro foi diretor da Comissão Mundial de Missão e Evangelização do Conselho Mundial de Igrejas, de 1973 a 1983, e depois secretário geral desse organismo, de 1984 a 1992.

Os autores seguem a trajetória de Castro, que dá seus primeiros passos no Uruguai progressista da segunda década do passado século. O pastor uruguaio analisa, com grande lucidez e esperançoso otimismo, a realidade do mundo presente, sempre animado, como ele mesmo o confessa, por uma paixão pela missão da igreja, pela evangelização, pela dinâmica do Reino, pelo testemunho.

"Este livro é uma tentativa de recuperar a memória histórica. Quisemos demonstrar que o caminho ecumênico não surge do nada, mas que tem rostos concretos, que se encarna em mulheres e homens que responderam ao desafio da oração sacerdotal de Jesus, tal como narrado no Evangelho de João. A importância desse legado, de conhecer e reconhecer o que outros fizeram, é fundamental para compreender nosso presente e nosso lugar no mundo", afirmam os autores na apresentação.

Emilio Castro é um cristão "que evangeliza com a palavra e o fato, que se esforça cada dia para descobrir a fidelidade de Deus e não hesita em arriscar sua segurança para tomar partido com os que sofrem. As impressões indeléveis e os frutos notáveis desse zelo evangelizador inquebrantável e inextinguível são palpáveis em indivíduos e instituições no Uruguai, sua terra natal, na pátria grande latino-americana e em muitos rincões da oikoumene," adicionam.

O livro é uma importante contribuição para conhecer de perto o pastor Emílio Castro e, guiados por sua mão experiente, ingressar nos labirintos do movimento ecumênico latino-americano e mundial do século XX.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Verso e Voz — 31 de janeiro

Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. — Romanos 14.8-10

“Nem a estocagem de armamentos sofisticados nem uma extensão do território é uma garantia adequada ou um substituto viável para a paz. São ilusórias. As melhores fronteiras são fronteiras pacíficas, e a melhor segurança encontra-se em um relacionamento verdadeiramente pacífico entre vizinhos”. — Naim Ateek em Justice and Only Justice: A Palestinian Theology of Liberation

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30 janeiro, 2007

Estado pode criar promotoria para análise de delitos de intolerância religiosa

CIDADE DO MÉXICO, 30 de janeiro (ALC) – O subsecretário de População, Migração e Assuntos Religiosos da Secretaria do Interior, Florencio Salazar Adame, comprometeu-se frente a advogados cristãos de estudar a criação de uma promotoria especial para pesquisar delitos relacionados à intolerância religiosa no país.
A notícia é de La Jornada de México, em sua edição de hoje.

Adame encontrou-se com advogados cristãos. Depois da reunião, o presidente da agremiação que congrega os advogados, Alfonso Farrera, informou à imprensa que o subsecretário recebeu um expediente com cerca de 200 casos de intolerância religiosa não resolvidos. Adame admitiu que conhecia apenas 30 casos, segundo relato da repórter Alma Muñoz.

O subsecretário achou interessante a proposta de que a organização dos advogados cristãos, a Comissão Nacional de Direitos Humanos e o governo federal, através da Secretaria do Interior, realizem oficinas enfocando a intolerância religiosa, violação aos direitos humanos, liberdade de crença, e que esses regulamentos sejam repassados a servidores públicos, como vereadores, prefeitos, e líderes religiosos.

Os profissionais adiantaram que no próximo mês iniciarão campanha de prevenção e erradicação da intolerância religiosa, Estado por Estado. A campanha terá início em Chiapas, Estado do México, Veracruz, Oaxaca, Yucatán, Nayarit e Hidalgo.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

O país mais católico e o mais pentecostal do mundo

SÃO PAULO, 30 de janeiro (ALC) – Se o Brasil é conhecido como o maior país católico do mundo, agora passa a ser também o maior país pentecostal do planeta. Relatório do World Christian Database indica que o Brasil tem 24 milhões de seguidores de igrejas pentecostais, superando por larga margem os Estados Unidos, com 5,8 milhões de pentecostais, onde surgiu essa vertente do protestantismo.

O World Christian Database é uma base de dados elaborada pelo Seminário de Teologia Gordon-Conwell, um dos quatro maiores dos Estados Unidos, e sem vínculo com alguma igreja, noticiou a Folha de São Paulo, ontem. O levantamento é realizado no mundo inteiro, e os dados correspondem a 2006.

Outra pesquisa, da fundação estadunidense Pew Fórum, que estuda a influência da religião na sociedade, mostrou que 62% dos pentecostais brasileiros não nasceram em berço pentecostal, e que 45% se converteram a partir do catolicismo. Pelo Censo brasileiro de 2000, os católicos somavam 138 milhões de fiéis.

Na análise de estudiosos, a Renovação Carismática Católica, tida como uma vertente capaz de estancar a transferência de fiéis do catolicismo ao pentecostalismo, não alcançou os resultados esperados. Ainda assim, segundo a Pew Fórum, 34% da população brasileira se dizem carismáticos, o que equivale a 62 milhões de pessoas.

Mas os hábitos dos carismáticos católicos não diferem muito de outros cristãos. O professor da pós-graduação em ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos, Paul Freston, ouvido pela Folha de São Paulo, disse que assim como existe no Brasil a categoria de “católico não-praticante” está surgindo o termo “católico carismático não-praticante”.

A pesquisa da Pew Fórum constatou que 86% dos pentecostais brasileiros freqüentam a igreja pelo menos uma vez por semana, índice que cai para 38% quando se trata da população brasileira como um todo. Quanto à leitura da Bíblia, 51% dos pentecostais afirmaram que a lêem todos os dias, contra 16% das demais pessoas.

Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Núncio apostólico chama à unidade dos cristãos

Por José Aurelio Paz

HAVANA, 29 de janeiro (ALC) – A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos terminou, mas não termina o compromisso por traduzi-la em boas obras, com a graça de Deus, disse o núncio apostólico de Cuba, Luigi Bonazzi, na homilia de encerramento da Semana, na quinta-feira, 25. A celebração litúrgica teve lugar na Catedral Episcopal da Santíssima Trindade.

Bonazzi referiu-se ao fenômeno histórico da separação entre os discípulos de Cristo que provocou não poucas feridas nas diferentes épocas e causou não menos divisões: “Graças a Deus, desde há mais de dois séculos, neste mesmo Corpo de Cristo, que é a Igreja, pessoas alumiadas pelo Espírito Santo deram vida a iniciativas que sentaram as bases e marcaram as primeiras etapas do caminho para a unidade”, expressou.

Na reflexão, o prelado católico referiu-se às palavras proferidas pelo reverendo Adolfo Ham, da Igreja Presbiteriana Reformada, na abertura da Semana, que lembrou os numerosos sinais positivos que a firme vontade de recompor a unidade dos cristãos fez florescer.

Ele qualificou o diálogo ecumênico, segundo as próprias palavras do papa Bento XVI em torno desta celebração, como um intercâmbio de dons, mais do que de idéias, em que as próprias comunidades e suas igrejas compartilhem seus valores mais autênticos. E enfatizou a oração como elemento substancial à unidade. “Certamente o caminho da unidade segue sendo longo e difícil, mas é necessário evitar o desalento e seguir percorrendo-o, contando em primeiro lugar com o apoio seguro de Cristo”, disse.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Cuba incluiu em sua programação, pela primeira vez, um culto em igreja pentecostal, a Evangélica Livre. Ali, o sermão esteve a cargo do padre Gilberto Warker, pároco da Igreja da Imaculada, da capital.
Na celebração de encerramento da Semana na catedral, espaço que ficou pequeno para a congregação ecumênica que acompanhou o evento, contou com a participação da Comunidade Cristã Internacional, do Coro da Paróquia do Sagrado Coração e do coral metodista Shalom.

“Que este ano 2007 nos veja caminhar juntos no compromisso de abrir os ouvidos e escutar as necessidades de todos aqueles com os quais Jesus se identifica: com cada pessoa e de maneira especial com os pequenos, com os pobres, com os necessitados”, almejou o núncio.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Verso e Voz — 30 de janeiro

Reina o Senhor. Regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas. Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a base do seu trono. — Salmos 97.1-2

“O crime de qual acuso meu país e meus compatriotas, e para qual nem eu nem o tempo nem a história lhes perdoarão nunca: que destruíram e estão destruindo centenas de milhares de vidas e não sabem e não querem saber”. — James Baldwin, em The Fire Next Time

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29 janeiro, 2007

Documento de organizações presentes no Fórum Social Mundial destaca papel da África

NAIROBI, 26 de janeiro (ALC) - Os movimentos sociais de todas as partes do mundo que participaram do Fórum Social Mundial (FSM), encerrado ontem, em Nairobi, Quênia, divulgaram comunicado no qual destacam o compromisso assumido neste evento para "realçar e celebrar a África e seus movimentos sociais; a África e sua história permanente de luta contra a dominação estrangeira, o colonialismo e o neocolonialismo; a África e suas contribuições à humanidade; a África e seu papel na busca de outro mundo".

Fazendo eco à reclamação de diversos setores sociais de que a taxa de inscrição para o Fórum foi muito cara, o comunicado do evento denuncia as tendências para a mercantilização, a privatização e a militarização deste espaço. "Centenas de nossos irmãos e irmãs que nos deram às boas-vindas a Nairobi foram excluídos e excluídas devido aos altos custos de participação", afirma.

O documento destaca, ainda, preocupação quanto à presença de organizações que trabalham contra os direitos das mulheres, setores marginalizados, e contra os direitos sexuais e a diversidade, em contradição à Carta de Princípios do FSM.

Segundo as organizações, o desafio é avançar para uma fase de alternativas efetivas depois desta experiência em terra africana.

Muitas iniciativas locais já existem e devem ser ampliadas, enfatizam. O que está ocorrendo na América Latina e em outras partes do mundo, graças à ação conjunta dos movimentos sociais, mostra o caminho para propor alternativas concretas à dominação do capitalismo mundial.

O manifesto expressa solidariedade dos movimentos sociais dos cinco continentes aos movimentos sociais na América Latina, "cujas lutas persistentes e continuadas conduziram à vitória eleitoral da esquerda em vários países".

ARGENTINA
Em memória das vítimas do Holocausto

Por Claudia Florentin

BUENOS AIRES, 26 de janeiro (ALC) - O chanceler argentino, Jorge Taiana, informou que a Argentina, a União Européia e outro conjunto de nações, apresentaram à Organização das Nações Unidas (ONU) projeto de resolução solicitando ao plenário da assembléia "o rechaço à negação do Holocausto", apresentado pelo Irã.

O projeto em questão "rechaça qualquer ação que objetive negar o Holocausto, pois ao ignorar terríveis eventos históricos como este, aumenta o risco que se repitam".

Em sua parte resolutiva, o texto convoca as Nações Unidas a condenar "sem nenhuma reserva qualquer negação do Holocausto" e "exorta a todos os Estados membros das Nações Unidas, sem exceções, a recusar qualquer negação do Holocausto como um evento histórico, total ou parcialmente, e qualquer atividade destinada a este propósito".

Na apresentação da proposta, o polonês Moisés Borowicz, sobrevivente do Holocausto mas que perdeu toda a sua família nas mãos do regime nazista, ofereceu seu testemunho. "Conto minha triste história para que isso não se repita nunca mais, para que haja paz no mundo e, especialmente, para que o escutem os que negam o Holocausto", sublinhou Borowicz.

O Ministro da Educação, Daniel Filmus, explicou que se a educação tem um sentido é o de evitar que algo se repita". Assim, o sistema educacional argentino decidiu que a Shoá (Holocausto) conforma um fato fundamental do ensino. "Não se trata só de contar a história, mas de motivar os jovens argentinos a se levantarem contra a possibilidade de negar o Holocausto", afirmou.

Em Conferência realizada em Teerã no dia 11 de dezembro, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, qualificou o Holocausto de “mito”. O presidente perguntou se o acontecimento denominado ‘Holocausto’ existiu realmente, difundiu a Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA), citando palavras do vice-ministro de Relações Exteriores, Manouchehr Mohammadi. Ele afirmou que “nenhuma resposta racional foi dada às perguntas formuladas por Ahmadinejad”.

No dia 1. de novembro de 2005, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 60/7, na qual designou a data de 27 de janeiro como o Dia Internacional de Comemoração anual em memória das vítimas do Holocausto.

Depois da aprovação da resolução, o secretário geral das Nações Unidas descreveu este dia especial como "uma importante recordação dos ensinamentos universais do Holocausto, atrocidade sem igual, que não podemos simplesmente relegar ao passado e esquecer".

O dia 27 de janeiro foi escolhido para comemorar o Dia Internacional de Recordação do Holocausto porque nessa data, em 1945, o exército soviético libertou o maior campo de extermínio nazista, em Auschwitz-Birkenau, na Polônia.

Recordava nesta manhã a entrevista realizada pelo colega Edelberto Behs (para ALC) com o ex-pastor regional e ex-secretário de Formação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), Harald Malschitzky, orientador de estudos na antiga Faculdade de Teologia, hoje Escola Superior de Teologia (EST), de São Leopoldo, em agosto do ano passado.

Malschitzky falava de Dietrich Bonhoeffer, o teólogo luterano morto pelo regime nazista quatro semanas antes do término da II Guerra Mundial, em maio de 1945. Uma frase de Bonhoeffer, nesse contexto histórico, ficou em minha mente: "Quem não assume a causa dos judeus não tem direito de cantar gregoriano."

Hoje, seguramente ele nos instaria, como igrejas, a não negar os horrores do regime nazista que não só atacou os judeus, mas ciganos, cristãos (Bonhoeffer entre eles) e não-religiosos. Mas ele também nos instaria a não abandonar as causas dos direitos humanos, da justiça e da paz em todo mundo, ainda contra aqueles que afirmam o Holocausto enquanto cometem novos genocídios.

CUBA
Delegação cubana prepara participação na Assembléia do CLAI

Por José Aurelio Paz

CIDADE DE HAVANA, 26 de janeiro (ALC) - A delegação cubana que participará da V Assembléia Geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) prepara-se para estar presente, entre 19 e 25 de fevereiro, em Buenos Aires, Argentina.

Integrada por 25 líderes das igrejas membro e convidados, a delegação cubana está representada pelas Igreja de Deus, Metodista, Episcopal, Cristã Pentecostal, do Nazareno, Cristã Reformada, Evangélica Los Pinos Nuevos, Presbiteriana Reformada, dos Amigos, Fraternidade de Igrejas Batistas de Cuba, Exército da Salvação e a Evangélica Livre, entre outras denominações.

Também participam representantes do Instituto de Mulher e Gênero de Cuba, do Seminário Evangélico de Teologia de Matanzas e do Conselho de Igrejas.

A presbítera Ofelia Miriam Ortega, em representação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), conduzirá o fórum teológico que durante as diferentes jornadas pretende propiciar o diálogo nesta importante esfera de pensamento, a fim de compartilhar experiências e critérios em torno do tema principal da Assembléia “A graça de Deus nos justifica, seu Espírito nos liberta para a vida.”

Delegados à Assembléia do CLAI participaram de consulta regional preparatória, realizada no ano passado, na Venezuela. Na ocasião, a delegação cubana ofereceu aportes teológicos à temática central e sugeriu propostas para os diferentes cargos que serão eleitos no encontro de Buenos Aires.

A coordenadora do CLAI em Cuba, Rosayda Luya, disse à ALC que o encontro fortalecerá o trabalho ecumênico na região, a partir do ajuste de suas estratégias como organismo que agrupa igrejas, a partir das novas problemáticas continentais e seu vínculo com o resto do mundo na busca de um serviço social mais efetivo e colado à essência do cristianismo.

A presidenta do Conselho de Igrejas de Cuba (CIC), pastora Rhode González Zorrilla, apontou que a Ilha, como parte do continente, estará presente na reunião da Argentina para oferecer seu modesto aporte na busca de um ecumenismo mais pleno, que, além de deter-se nas diferenças confessionais, geográficas ou sócio-políticas, enfatize aqueles aspectos que propiciem a unidade dos cristãos e das cristãs.

González lembrou que o próprio lema da assembléia chama ao desafio de entender a graça de Deus na perspectiva de encontrar modelos de justiça mais plenos e guiados pelo Espírito Santo como elemento libertador da fé na descoberta de um mundo mais justo.

A V Assembléia do CLAI terá uma parte importante do fórum destinada à aprovação de mudanças e à renovação de sua estrutura, de maneira que essa organização ecumênica tenha um maior alcance social.

Em meio a uma realidade cambiante para a América Latina, na qual se verificam transformações com os novos processos democráticos que ocorrem na região, as igrejas não podem viver alheias ao espírito esperançoso do Evangelho que pretende acabar com males como a fome, a miséria e as doenças, e a injustiça.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Recado às igrejas: falem mais alto

Por Edelberto Behs

NAIROBI, 29 de janeiro (ALC) – Na abertura do Fórum Social Mundial (FSM) 2007, reunido pela primeira vez na África, de 20 a 25 de janeiro, a co-presidente da organização Paz Mulher ao Redor do Mundo, Kamia Bhasan, carregava cartaz no qual se lia: “O sonho americano criou um pesadelo para muitos”.

De certa forma, o cartaz da ativista indiana traduz o que sete edições do FSM vêm enfatizando na sua bandeira de lutas: os recursos naturais são limitados, os países credores não podem fazer da dívida externa dos países pobres a sua caderneta de poupança, sem uma justa distribuição da riqueza não haverá paz.

Essa bandeira de luta desdobra-se em muitas outras, todas relacionadas, de algum modo, ao mote maior: é impossível a paz sem a justiça, o que, aliás, é um princípio já definido no texto sagrado dos cristãos. A exploração de recursos naturais da África (por estrangeiros) e a falta de acesso à água pela população pobre do continente foram temas que apareceram em vários momentos do sétimo FSM.

Na própria capital do Quênia, 50 mil moradores de Nairobi, que deixaram de pagar suas contas nos últimos meses, correm o risco de ficar sem água, noticiou o jornal The Standard, da capital queniana, no dia 18 de janeiro, relata matéria da agência Carta Maior. O direito à água e à moradia justifica o slogan deste FSM reunido em terras africanas: “Lutas populares, alternativas populares”.

O Fórum Urbano Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU), reunido em 2002 também em Nairóbi, revelou dados alarmantes sobre a favelização na África. Na Etiópia, 99,4% da população urbana vivem na favela; na Tanzânia, esse percentual desce um pouco, para 92,1%, e para 85,7% no Sudão.

Taoufik Ben Abdalla, que integra o comitê organizador africano do FSM 2007, comentou para o jornal África Flame que apenas 50 dos 850 milhões de habitantes do continente africano são “cidadãos verdadeiros” com direitos básicos atendidos. Em Nairobi, 57% de sua população vivem com menos de um dólar por dia!

“Deus chora”, disse o Prêmio Nobel da Paz, arcebispo anglicano Desmond Tutu, ao falar na Basílica Católica Romana da Sagrada Família de Nairobi aos participantes do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, no sábado, 20. O arcebispo sul-africano enfatizou:

- Deus vê o que está acontecendo no Zimbábue, na Nigéria, na Etiópia, na Palestina, e Ele chora. Têm pessoas jogando comida fora e têm pessoas passando fome. Deus nos diz: por favor, ajudem-Me para que possamos ter um outro mundo, um mundo onde os ricos possam partilhar com os pobres e ajudar uns aos outros.

Tutu lembrou, ainda, de ditado africano, que diz: “Uma pessoa só é pessoa para outra pessoa”. E emendou: “Nós precisamos de outros seres humanos para sermos humanos. Somos feitos para ser família. Nunca vamos ganhar a guerra contra o terror enquanto existirem pessoas desesperadas, doenças e pobreza”, admoestou.

No seminário sobre a Dívida Ilegítima, a Prêmio Nobel da Paz 2004 e fundadora do movimento Cinturão Verde, a queniana Wangari Maathai, destacou que o pagamento de dívidas ainda é o maior obstáculo na África, Ásia e América Latina no combate à pobreza de suas populações.

“Nós devemos pedir aos governos dos países e às instituições financeiras internacionais para questionarem seus padrões de correção e justiça, e ver como é ilegítimo o encargo da dívida para os países pobres”, destacou Maathai. “Eles sabiam que o povo não poderia pagar a dívida, que a paga, agora, com a sua vida”, emendou.

Maathai lembrou, segundo a repórter Susanne Buchweitz, que milhões de pessoas estão morrendo porque não têm acesso a remédios e hospitais, pois os governos gastam os recursos no pagamento da dívida externa. A ativista queniana deixou um recado muito claro, dirigido às igrejas:

- As igrejas têm a autoridade moral e têm muitos membros, mas terão que falar mais alto.

Na abertura do FSM de 2007, o ex-presidente de Zâmbia, Kenneth Kaunda, destacou que na África, e em especial no Quênia, são as igrejas que ocupam o poder de mobilização popular, o que antes estava nas mãos dos movimentos de independência, relata matéria da agência Carta Maior.

Para o franciscano gaúcho Aldri Crocolin, que participou da sétima edição do FSM em Nairobi, se a igreja ficar ao lado dos pobres, ela recupera um papel que perdeu quando foi cooptada pelo Império Romano. “Nosso papel não é o de ficar fazendo belos cultos, mas, como disse Jesus, o de lutar para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.

Agora, será preciso escutar com atenção de quantos decibéis será o grito das igrejas nos tantos eventos articulados no sétimo FSM para o decorrer de 2007 em favor da vida, da paz e da justiça.

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Verso e Voz — 29 de janeiro

Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. — Atos 2.44-47

“Ninguém pode ser um cristão ou cristã sozinho”. — João Wesley

28 janeiro, 2007

Verso e Voz — 28 de janeiro

Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. — Mateus 20.25-28

“Nossa qualidade de vida depende da qualidade dos nossos e nossas líderes. E desde que ninguém mais parece estar se oferecendo, depende de você. Se já teve sonhos de liderança, agora é o tempo, aqui é o lugar, e você é a pessoa. Precisamos de você”. — Warren Bennis, On Becoming a Leader